12 de mar. de 2012

PALÁCIO SUBLIME DESENCARNADO: PARA MINHA CARA AMADA JULIET

Em tua carne mística eu vejo o êxtase do maravilhoso possível do aqui
a manifestação divina do agora como gozo numa noite asteroide
a desobediência ao código ascendendo em círculo do subterrâneo interior
o reencontro com a superação do verme humano podre negligenciado.

Em nome da tua força, cara minha
re-lembro transcendência de teu bucho menininho soprando repetido gaita para a luz vermelha
- o incrível nos olhos dele é como o que há nos teus.

Em nome do teu amor, amoer deles,
re-alinho escritura única capaz de tecer manta mapa do grande universo:
ponto voador de disco tatuado de plexo
pássaro escuro curvado em nosso cérebro macaco
em estado de graça, irmanita, proclamado o fim da vergonha e do medo e da morte
por que te vejo sempre ao meu lado e sem você não poderia ter sido.

Em nome de tua alma eterna ergo palácio sublime desencarnado:
leão verde e vermelho - dragão envenado - ovo cósmico serpenteado - deva de mil olhos e braços - gordos budas descansados - senhoras e senhoritas carudas de todas as turas - andróginos de pintos e xotas jamais tocados - crânio de elohim e sol de pescoços cortados - joanas e juventudes e purezas e todos loucos vorazes - bolas de fogo sopradas por cátaros visionários.

8 de mar. de 2012

EU SOU A FALA DO MEU PRÓPRIO NOME

Eu fui emitida do poder,
e eu vim para aqueles que refletem sobre mim,
e eu fui encontrada entre aqueles que me buscam.
Olhem-me, vocês que refletem sobre mim,
e vocês ouvintes, ouçam-me.
Vocês que estão me esperando, tomem-me para si próprios.
E não me expulse da sua visão.
E não faça a sua voz me odiar, nem a sua audição.
Não seja ignorante a meu respeito em qualquer lugar ou qualquer hora. Esteja em guarda!
Não seja ignorante a meu respeito.
Pois eu sou a primeira e a última.
Eu sou a estimada e a rejeitada.
Eu sou a prostituta e a sagrada.
Eu sou a esposa e a virgem.
Eu sou a (mãe e) a filha.
Eu sou os membros da minha mãe.
Eu sou a estéril
e muitos são os filhos dela.
Eu sou aquela cujo casamento é grandioso,
e eu não tomei um marido.
Eu sou a parteira e aquela que não dá à luz.
Eu sou o consolo das minhas dores do parto.
Eu sou a noiva e o noivo,
e foi meu marido quem me gerou.
Eu sou a mãe do meu pai
e a irmã do meu marido
e ele é a minha prole.
Eu sou a escrava daquele que me preparou.
Eu sou a governanta da minha prole.
Mas ele é quem me gerou antes do tempo numa data de nascimento.
E ele é a minha prole no devido tempo, e o meu poder vem dele.
Eu sou o bastão do poder dele na juventude dele,
e ele é o cajado da minha velhice.
O que quer que ele deseje, me acontece.
Eu sou o silêncio que é incompreensível
e a idéia cuja recordação é frequente.
Eu sou a voz cujo som é diversificado
e a palavra cuja aparência é múltipla.
Eu sou a declaração do meu nome.
Por que, você que me odeia, me ama,
e odeia aqueles que me amam?
Você que me nega, me admite,
e você que me admite, me nega.
Você que fala a verdade sobre mim, mente sobre mim,
e você que mentiu sobre mim, fala a verdade sobre mim.
Você que me conhece, seja ignorante sobre mim,
e aqueles que não me conheceram, deixem eles me conhecer.



textos do antigo gnosticismo (apócrifo), d'A Biblioteca de Nag Hammadi

10 de dez. de 2011

a montanha

aqui do alto deste prédio vejo a montanha. ouço constante barulho de turbina de aviões. nada pássaros. estou com fome. lá embaixo as coisas parecem ser do meu tamanho, talvez um pouco menores que eu. quero comer essas coisinhas que andam. vejo a meu lado alguém que deve ser como eu - só que muito maior. ele me olha e me dá comida e deixa a TV ligada antes de sair. passa o dia fora. em busca de comida. o que estou fazendo aqui? quando chega está cansado. vejos seus olhos sucumbirem na sala de TV, onde fazemos nossa refeição noturna – juntos. um dia resolvi pular aqui de cima. queria passear eterno por aquela montanha. comer meu alimento vivo, serezinhos. um dia ouvi o chamado: em minhas veias borbulharam sangue. pulei o muro e dei com a cara no chão. depois me ergui – o nariz estava torto, desenho de um novo caminho.

"Bendito o leão comido pelo homem, porque o leão se torna homem! Maldito o homem comido pelo leão, porque esse homem se torna leão!", lembrou-nos Didymos Tau'ma (Tomé (Tomás), o gêmeo)

16 de out. de 2011

Instruções para morrer de medo

Evite ser ousado ou destemido
- é muito perigoso.

Não vá assumir riscos desnecessários
– você irá afastar a tão ansiada felicidade.

Siga as tradições da sua família
– é mais seguro, você tem filhos para sustentar.

Não fale com estranhos
– pode ser perigoso, isso é claro.

Continue sonhando com o príncipe azul
- ele vai chegar.

Mantenha-se seguro!

Viva reativamente!

Apague já todos os arquivos que amarram seu plano mais genuíno -
o mundo é cruel
e já não fale mais do caminho feito de corações.

12 de mai. de 2011

Meu ovo



"Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma inspiradora, uma intuitiva, uma criadora, uma inventora e uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos interior e exterior. Quando as mulheres estão com a Mulher Selvagem, a realidade desse relacionamento transparece nelas. Não importa o que aconteça, essa instrutora, mãe e mentora selvagem dá sustentação às suas vidas interior e exterior."

Clarissa Pinkola

5 de mar. de 2011

A avó (canção do self)

"Rodeada por meus escudos, sou
eu:
Rodeada por meus filhos, sou
eu:
Rodeada pelo vácuo, sou
eu:
Eu sou o vácuo.
Eu sou o útero das recordações.
Eu sou a escuridão que desabrocha.
Eu sou a flor, primeira carne.
Em absoluta treva habito —
Ali vejo a criação multiplicar-se —
Ali, eu sei que começamos e terminamos
Apenas para começar de novo, mais uma vez —
Mais uma vez. Nessa escuridão, estou
Girando, girando rumo a um novo parto:
O de mim mesma — uma avó recém-nascida
Sou eu, sugando luz. Arco-íris
Serpente recobre-me, da cabeça aos pés,
Para que eu viva para todo o sempre, nesta
Forma ou em outra. A pele que ela
Deixa para trás brilha com
A indagação, com a resposta,
Com a promessa:
"Você se lembra de você?"
"Sou sempre mulher."
"Carne é flor, para sempre."
Entro nas trevas, para entrar no nascimento, Para vestir o Arco-íris, para ouvi-la Sibilando
audivelmente, claramente, no meu Ouvido interior: amor.
Estou girando numa espiral, rodopiando, Estou cantando este Cântico da Avó. Estou
lembrando para sempre, aquilo a que Pertencemos."
River Malcolm (retirado do livro Espelhos do Self)

9 de set. de 2010

CANTO ESCROTO

Eu vos digo. Corrupção é glamour e vós estais obcecado, papa Inocêncio. Não a toa esteve morto e os arquivos que por vós foi deixado (legado) irá para a sessão CORRUPTOS. Vosso espírito é facilmente devorado pelo fascínio que em vós exerço – ambição por poder e riqueza – ver sete pecados. Se teu Deus é tão poderoso, por que haveria ela (A MULHER) lhe causar tanto medo? A vós que sois repletos de decretos, romas, hierarquias e vaticanos – não sois dignos de favores nem da eternidade.

Não-carne. Não-osso. Eu sou o anti-corpo. Não-julgamento. Ex-Machina. Madame Feliz Culpa, prazer, sua abominação carnal. REUNO ARQUIVOS.

Sermão (TIMBRE ROBÓTICO):
GIVE ME MORE APPLES.

- Mas oh, Madame Felix Culpa, por que falas por parábolas? – Estarás ébria/bêbada? – perguntou (nome de papa) - Ventos da conveniência? – assoprou (nome de papa). Com desdém, ela responde - Porque vendo não vêem e ouvindo nada ouvem nem entendem -, merci Jeshua. Rent a book e a porta se dilatará – alargará (superar o humanamente concebível), para alem dos auto-móveis. Desconstringa-se da matéria compacta. Talvez vós não compreendeis até que a morte o tenha levado.


Domínio dos elementos (ar, fogo, água, terra, éter). Deus seria então alguém, uma pessoa, um ser vivo? A vós respondo, madre, Madame Felix Culpa é vírus, aquela que invade – sem permissão ou perdão. Enorme fogosa diante de teus fogos. Ela esteve lá, século XV, uma entre as mais de cem mil. Quem poderia imaginar. Quem poderia supor. Captasse bem a mensagem do vosso senhor? Ver também: manual do inquisidor e a sensação de ser queimado vivo.

Não vesti tua vestimenta-pecado. Mas nada mais sou do que uma causalidade. Resultado. Emancipada da carne e do sangue, livre enfim do teu Deus, aqui concedo a transmissão do pensamento. Horizonte dilatado, ditosa, propago. Ações-resultado. Respostas. Mesmo sem que me tenha perguntado algo. Eu vos digo: não sois digno de compreensão absoluta, nunca.

30 de ago. de 2010

Inter (Venci) On

EU TENHO ALMA



Em resposta aos esclesiásticos, já duvidosos da possibilidade de a mulher compactuar com Palavra, o Poder, o Significado e o Ato - eu vos digo que daqui renasço eternamente, da possibilidade do LEGÍTIMO SAGRADO, que por vós fora roubado.

Sou o ANIMUS POSSUIDUS
Eu tenho falo
Eu falo -
Este é meu corpo
CARNE E OSSO
Aqui manifestado todo o horror do que por vós fora chamado de "linguagem irracional".

Na história dos homens fui descrita como A Horripilante, A Megera... Aquela que sempre esteve incubida de manifestar o que há de mais horripilante entre "ustedes". Fui (sou) rara - não dá tua ossada - , até mesmo porque posso habitar, mesmo depois de morta e queimada viva - não somente matéria onírica.

Por que temes, Onório?
Por que me cospes, Costantino?
Por que me DESCONHECE, Amaro?

Ainda que me esfoles viva, insisto EU VIVO
Sou a cultura subterrânea
Que espera ser descoberta.

21 de mar. de 2010

roda de equinócio

"A inspiração dos vates, dos profetas que davam vaticinii em estado de transe como se o deus falasse por sua boca, foi perseguida com ênfase pelas autoridades romanas." Deusas e adivinhas, de Santiago Montero

Aqui renascida: 21 de Março. Eu, Carmenta, Deusa da previsão-verso, coroada DEMENTIA por vós que sois homens (romano-farpados).

Às 21h do dia 21/03
Berrou Carmenta
já nascida com a tatuagem de plexo/anúncio:
De todos os cantos, o canto de todas'elas.

Disseram que cantou escroto
e foi esfolada
por ter insunuado o verbo a dança com o despudor
e o desembaraço
e teria sussurado ouvidados:
amem e se deixem levar por esta força.

AQUI GARGALHO.

Qual força, minha senhoura?
A que te move, seja ela fôlego, rumo ou desejo - não confundir com piedade ou compaixão aos fracos.

Há de se compadecer, sempre
só que somente
EM NOME DOS FORTES,
dos grandes espíritos,
das explosões de luz e clarividência.

Há de se deixar levar -
ESTA É A DANÇA.

Este é meu corpo
imensurado
que a vós dedico, sempre:
eterna.

Enquanto isso, dançavam todas (esfoladas vivas):
Carmenta, a Fauna, Parcas, Egéria, Juno, Fortuna, Dido, Tanaquil, Pítia, Monstra, Andrógina Lilu, Daphne, Madalena, Santa Maria da Cabeça, Marina T., Hilda H, Clarice, A Puta Albina...

3 de mar. de 2010

/a primeira ci/~encia vem de um embasamento mítico - ALQUIMIA
Os grandes cientístas do medievo eram por sí grandes astrólogos.
A numerologia é matemática -
então por que a ci/~encia tem um peso maior sobre nossos crenças do que os aspectos m´[isticos?

Direi por que:
Temos medo.

O medo, este, sentimento mais primitovo não povoa o mundo das bruxas.

/e digo mais/; se alexandre o grande não tivesse resgatado alguns conhecimentos heréticos dos templos de delphos não teríamos sequer noção do poder - do real poder
o poder das bruxas

e assim como as bibliotecas foram queimadas nós bruxas tb fomos.
/e assim como f/~enix, renasceremos das cinzas
(de um cigarro e/ou cinzeiro sujo)

Amém!

27 de fev. de 2010

ESTE É MEU CORPO

"Sabe, uma mulher pensando-se nunca é muito levada a sério. Por mais que você seja brilhante, uma filósofa. Por isso, é difícil você encontrar uma grande pensadora. A não ser algumas poucas, definitivas. Mas gozam um pouco delas. Nunca ninguém fala muito a sério. Falam das físicas, da madame Curie, por exemplo. Mas, quando entra no negócio do pensar, todo mundo põe um pé para trás. Então eu sempre senti que, digamos, a intensidade desse meu pensar era demasiado para o outro se posta numa mulher. Eu sentia, como ainda sinto, essa dificuldade de ser mulher. Como quando eu era jovem e diziam que eu era bonita demais para escrever o que escrevia e aí fiz tudo para enfeiar mesmo. Mas só agora estão realmente pensando no meu trabalho. Apesar destes 47 anos escrevendo sem parar..." assim falou Hilda Hist, a que alargou o território e teve me parido (uma entre todas as mães possíveis)

Por esses e outros motivos MÁS, sinto uma espécie de cócega de privilégio, uma luminescência que vai do amarelo ao vermelho, passando pelo rosa - sempre (sem nunca ter deixado de ser mulher). Era sempre preciso ter uma bola, por cima ou por baixo de tudo isso, para que ELES pudessem compreender/aceitar nossas maneiras: de que para VIVER SOB O FOGO é preciso exaltar-se. Algo que não tivesse descrito entre as dicotomias.

E sabendo que Hilda também disse sim (eternas vezes), hei de deitar-me entregue à paixão: fôlego de nossos rumos.

24 de fev. de 2010

EU E CAÊ - CAÊ E EU

Hey, meninos. Entreguei ao Caê e ele compôs em minha homenagem:

Respeito muito minhas lágrimas
mas ainda mais minha risada
Inscrevo assim minhas palavras
na voz de uma mulher sagrada
VACA PROFANA PÕE TEUS CORNOS...




Eu fui lá e pus. Eu fui lá e deu leite. Porque busquei a mim mesma, e não UM OUTRO, inexoravelmente, todos os dias. Em todo inferno de todo e qualquer santo dia. E ainda assim, aquele mesmo signo que tento ler e ser continuava sendo apenas o possível ou impossível em mim, em mil... Contudo eu não me perguntava, você sabia, eu era a resposta - todo SANTO DIA.

Por isso que eu digo - nada que vem de graça tem merecido valor. PAGA-ME! PAGA-ME!

Atenciosamente,
Madam Do Letche Jorrado - aqui, tua, gargalho