aqui do alto deste prédio vejo a montanha. ouço constante barulho de turbina de aviões. nada pássaros. estou com fome. lá embaixo as coisas parecem ser do meu tamanho, talvez um pouco menores que eu. quero comer essas coisinhas que andam. vejo a meu lado alguém que deve ser como eu - só que muito maior. ele me olha e me dá comida e deixa a TV ligada antes de sair. passa o dia fora. em busca de comida. o que estou fazendo aqui? quando chega está cansado. vejos seus olhos sucumbirem na sala de TV, onde fazemos nossa refeição noturna – juntos. um dia resolvi pular aqui de cima. queria passear eterno por aquela montanha. comer meu alimento vivo, serezinhos. um dia ouvi o chamado: em minhas veias borbulharam sangue. pulei o muro e dei com a cara no chão. depois me ergui – o nariz estava torto, desenho de um novo caminho.
"Bendito o leão comido pelo homem, porque o leão se torna homem! Maldito o homem comido pelo leão, porque esse homem se torna leão!", lembrou-nos Didymos Tau'ma (Tomé (Tomás), o gêmeo)
10 de dez. de 2011
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